A impermanência

A prática de mindfulness, ao permitir-nos trazer a atenção para o momento presente, permite-nos também ver as coisas como elas realmente são, e isso pode trazer mais clareza para aspectos da vida que nunca tínhamos antes reparado.

Quando trazemos a nossa atenção para a nossa existência, momento a momento, ficará mais claro que nada é permanente: os pensamentos vão e veem, as emoções vão e veem, as sensações no nosso corpo vão e veem. Podem durar mais ou menos tempo, mas acabam sempre por mudar ou ter um fim.

“Nada é para sempre, a não ser a mudança” (Budha)

Isso pode ser um alívio quando pensamos em coisas como uma dor, o sofrimento, ou a tristeza. Dá-nos alguma esperança saber que não vão durar para sempre… Mas também pode ser muito avassalador, saber que tudo o que cuidamos e apreciamos vai um dia ter um fim também. Pode até levar-nos a questionar as escolhas que fizemos, e o que valorizámos ao longo da nossa vida.

Por outro lado, esta consciência pode alavancar o nosso sentimento de gratidão por cada momento que temos, pode ajudar-nos a apreciar as coisas mais pequenas e simples que temos, quando as temos, no nosso dia-a-dia, em vez de estarmos continuamente a projetar a nossa felicidade para o futuro.

Talvez uma boa questão para nos colocarmos possa ser:

“O que é realmente importante para mim neste momento?”

Apreciar totalmente um momento agradável, pode levar-nos a desejar que ele dure para sempre. Mas saber que essa felicidade só existe naquele momento, ajuda-nos a dar mais valor ao que temos aqui e agora, porque não sabemos o que iremos ter no futuro.

Mas, estar totalmente conscientes do momento, não é necessariamente agradável. Despedirmo-nos de alguém de quem gostamos, por exemplo, pode trazer-nos tristeza, mas pelo menos sabemos que honrámos esse momento, dando-lhe toda a nossa atenção, não o deixando passar.

Por outro lado, não aceitar a impermanência das coisas, faz-nos apegar às pessoas e às coisas, como se elas fossem durar para sempre, o que nos leva ao profundo desapontamento quando isso não acontece.

A consciência de que as coisas mudam ou chegam a um fim, permite-nos sermos mais realistas e liberta-nos de um sofrimento desnecessário.

Porque todos os momentos vão passar, todos – e isso inclui este, aqui e agora- merecem a nossa atenção e apreciação.

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